I. Avaliação Diagnóstica
Os três tipos de avaliação
Marcelo Akira Inuzuka
Para poder falar sobre avaliação, é importante saber classificá-las. Bloom et. all [2] classifica as avaliações em três tipos:
1. Avaliação Diagnóstica
Geralmente é realizada inicialmente pelo educador para diagnosticar os pontos fracos e fortes do aluno na área de conhecimento em que se desenvolverá o processo de ensino-aprendizagem. O processo de ensino é um processo de construção de conhecimento e diagnosticar no início é como verificar se “a fundação da casa está boa para se iniciar a construção”, ou seja, se o aluno domina todos os pré-requisitos. Por exemplo, antes de ensinar as operações de multiplicação, é interessante saber se aluno domina bem o processo de soma. Assim, o resultado da avaliação diagnóstica pode apontar uma necessidade de revisão de um assunto que servirá de base para os seguintes, que poderá ser trabalhado individualmente ou coletivamente.
2. Avaliação Formativa
A avaliação formativa é geralmente realizada durante todo o processo de ensino-aprendizagem. É melhor aproveitada quando o resultado (feedback) é rapidamente fornecido para os alunos, permitindo que possam corrigir eventuais erros de interpretação do conteúdo ensinado. É um termômetro para o professor e o aluno saberem como o aprendizado está sendo desenvolvido, bem ou mal, permitindo que o aluno se recupere agilmente. Acontece no dia-a-dia da sala de aula, durante as atividades desenvolvidas pelo professor durante o processo ensino-aprendizagem.
3. Avaliação Somativa
Geralmente é realizada no final de um curso e é conhecida como 'prova', ou seja, serve para classificar se o aluno 'passou' ou não. Pela obrigatoriedade dos professores fornecerem 'notas', é a que é mais aplicada no ensino tradicional.
Função da avaliação diagnóstica
A avaliação diagnóstica possui uma importância elevada no processo de ensino-aprendizagem. Luckesi [14] argumenta que a avaliação deve ser diagnóstica, voltada para autocompreensão e participatipação do aluno.
Luckesi defende que a avaliação deva ser um instrumento auxiliar de aprendizagem (mais diagnóstica) e não para aprovação/reprovação de alunos (menos somativa): "...que (a avaliação) ela seja um instrumento auxiliar da aprendizagem e não um instrumento de aprovação ou reprovação dos alunos... Este é o princípio básico e fundamental para que ela venha a ser diagnóstica. Assim como é constitutivo do diagnóstico médico estar preocupado com a melhoria de saúde do paciente, também é constitutivo da avaliação da aprendizagem estar atentamente preocupada com o crescimento do educando. Caso contrário, nunca será diagnóstica".
Outro aspecto interessante é sobre a idéia de Luckesi da função da avaliação, como instrumento de autocompreensão do professor, aluno e sistema de ensino, permitindo descobrir os desvios:
"No que se refere à proposição da avaliação e suas funções, há que se pensar na avaliação como um instrumento de diagnóstico para o avanço e, para tanto, ele terá as funções de autocompreensão do sistema de ensino, do professor e do aluno... O professor, na medida em que está atento ao andamento dos seus alunos, poderá, através da avaliação da aprendizagem, verificar o quanto o seu trabalho está sendo eficiente, e que desvios está tendo. O aluno, por sua vez, poderá estar permanentemente descobrindo em que nível de aprendizagem se encontra, dentro de sua atividade escolar, adquirindo consciência do seu limite e das necessidades de avanço."
Luckesi também acrescenta que para a avaliação funcionar como ferramenta de autocompreensão, deve ter um caráter participativo:
"Para que a avaliação funcione para os alunos como um meio de autocompreensão, importa que tenha, também, o caráter de uma avaliação participativa. Por participativo, aqui, não estamos entendendo o espontaneísmo de certas condutas auto-avaliativas, mas sim a conduta segundo a qual o professor, a partir dos instrumentos adequados de avaliação, discute com os alunos o estado de aprendizagem que atingiram."
Concluindo, Luckesi defende que a avaliação diagnóstica possui elevado valor didático, uma vez que permite uma correção de rumos do sistema de ensino, do professor e do aluno, durante o processo de ensino-aprendizagem por meio da autocompreensão, e que para que esta ocorra, deve ser participativa, através de diálogo adequado com os alunos.
O produto esperado da avaliação diagnóstica é a detecção de problemas, procurando indentificar causas e apontar soluções. Este processo deve ser realizado antes e durante todo o processo de ensino-aprendizagem, não no final, onde já não há mais tempo hábil para que se apliquem as devidas correções. Logo, percebe-se que a avaliação diagnóstica ou formativa gera um esforço maior do professor; este precisa conhecer a deficiência específica de cada aluno, de forma individualizada, autocompreensiva e participativa.
É então necessário reavaliar o processo de avaliação, aplicando avaliações diagnósticas em momentos estratégicos, e a partir da detecção de 'doenças' aplicar o 'remédio', mesmo que amargo. Somente assim é que podemos saudavelmente desenvolver um bom nível de educação.
Aplicando avaliações diagnósticas
Como foi dito aplicação de avaliações diagnósticas pode ser tanto no início ou durante um curso e tem várias formas de aplicação. Vamos apresentar alguns casos para que tornemos sua utilização mais clara.
Segundo Tarouco [33], a Avaliação Diagnóstica pode ser utilizada para realizar encaminhamentos ou reforço escolar para que o aluno resolva seus problemas juntamente com especialistas como psicólogos, orientadores educacionais, entre outros:
"...ocorre em dois momentos diferentes: antes e durante o processo de instrução; no primeiro momento, tem por funções: verificar se o aluno possui determinadas habilidades básicas, determinar que objetivos de um curso já foram dominados pelo aluno, agrupar alunos conforme suas características, encaminhar alunos a estratégias e programas alternativos de ensino; no segundo momento, buscar a identificação das causas não pedagógicas dos repetidos fracassos de aprendizagem, promovendo, inclusive quando necessário, o encaminhamento do aluno a outros especialistas (psicólogos, orientadores educacionais, entre outros)."
Por outro lado, Swearingen [32], explica que a avaliação diagnóstica é utilizada para determinar a necessidade de reestudo:
"Na prática, o propósito da avaliação diagnóstica é para medir, antes do processo de ensino, cada deficiência, competência, fraqueza, conhecimentos e habilidades. Possuindo tais dados, isto permitirá que o professor oriente seus alunos e ajustem o curriculum para suprir cada necessidade individual...
A importância de cada tipo de avaliação
Os tipos de avaliações não são excludentes entre si. Uma avaliação pode ter características diagnósticas, formativas e/ou somativas ao mesmo tempo, servindo para dois objetivos simultaneamente.
Um bom processo de ensino-aprendizagem consiste em um ciclo iterativo em que se diagnostica, forma, classifica e diagnostica novamente. Geralmente, um educador que negligencia um ou outro tipo de avaliação provavelmente não deve colher bons resultados.
Caso o professor não tenha diagnosticado no início, pode cometer o erro de tentar ensinar algo que o aluno não é capaz de aprender, por falta de conhecimentos básicos para construir seu conhecimento.
Texto adaptado por Marina Pereira Reis,http://wiki.sintectus.com/bin/view/EaD/AvaliacaoDiagnostica - acessado em 16/fev/2011.
Outras fontes:
www.eaprender.com.br
http://www.udemo.org.br/RevistaPP_02_03AvaliacaoDiag.htm
http://www.luckesi.com.br/pergunda_e_respostas_questao_11.htm
Sugestão de leitura: Cipriano Carlos Luckesi, Avaliação da aprendizagem escolar, Cortez Editora.
II. Estratégias
Sugestão de leitura: Antoni Zabala, A prática educativa – como ensinar, Artmed Editora.
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